Se você tem uma empresa, sabe que a energia elétrica pesa no orçamento. E os números revelam o tamanho do problema: 53% das indústrias reclamam do alto custo da energia para produzir no país, segundo uma pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI).
Esse dado acende um alerta, especialmente para quem ainda não incluiu os custos com energia nas projeções financeiras da empresa. Afinal, quando o consumo energético escapa do controle, ele compromete diretamente a margem de lucro, a competitividade e até a sustentabilidade do negócio no longo prazo.
E é justamente por isso que prever os gastos com energia deixou de ser somente uma prática opcional. Hoje, é uma estratégia essencial para qualquer empresa que queira manter a saúde financeira em dia e tomar decisões mais inteligentes.
Aqui neste artigo, você vai entender como prever os gastos com energia, aprender a calcular seu consumo com base em dados reais e descobrir como usar essas informações para planejar melhor seu orçamento empresarial.
Boa leitura!
Como prever gastos com energia? Veja como calcular o seu consumo
Para prever os gastos com energia, você deve entender o perfil de consumo da empresa e fazer estimativas com base no uso dos equipamentos.
O primeiro passo é fazer um levantamento de todos os equipamentos elétricos utilizados: quantidade, potência, horas de uso por dia e dias por mês.
Com essas informações em mãos, você consegue fazer um cálculo usando a fórmula:
- Custo total = Consumo total (kWh) × Tarifa (R$/kWh)
Vamos ver isso em um exemplo prático?
Imagine que um escritório tem 10 computadores com potência de 200W cada, que funcionam 8 horas por dia, 22 dias por mês. O cálculo de consumo mensal dos computadores seria:
- Consumo de um computador:
200W × 8h × 22 dias = 35.200 Wh = 35,2 kWh
- Consumo total de 10 computadores:
35,2 × 10 = 352 kWh
Agora, é só aplicar a fórmula considerando o valor da tarifa. Considerando que ela esteja custando $ 0,82 por kWh, o cálculo do custo mensal com esses equipamentos seria:
- 352 kWh × R$ 0,82 = R$ 288,64
Ou seja, apenas os computadores já representam quase R$ 300 por mês na conta de energia. E quando acrescentarmos em outros equipamentos como impressoras, ar-condicionado, iluminação e servidores, o valor pode facilmente dobrar — impactando diretamente os custos operacionais da empresa.
Lembrando que também podem ocorrer as cobranças das bandeiras tarifárias.
Bandeira amarela: Consumo em MWh x R$ 18,85/MWh
Bandeira vermelha P1: Consumo em MWh x R$ 44,63/MWh
Bandeira vermelha P2: Consumo em MWh x R$ 78,77/MWh
Como calcular o gasto de energia de um equipamento?
Calcular quanto cada equipamento consome de energia é o primeiro passo para entender onde estão os maiores vilões da sua conta de luz, seus gastos com energia. O processo é simples e pode ser feito com uma fórmula básica:
- Consumo mensal em kWh = Potência (em Watts) × horas de uso por dia × dias de uso no mês ÷ 1000
Vamos para mais um exemplo?
Imagine que sua empresa possui um ar-condicionado de 1200W, usado durante 10 horas por dia, por 22 dias no mês. O cálculo do seu consumo seria assim:
1200W × 10h × 22 dias = 264.000 Wh
264.000 Wh ÷ 1000 = 264 kWh/mês
Então, se a tarifa de energia é de R$ 0,82 por kWh, manter esse ar-condicionado ligado custa R$ 216,48 por mês. Agora imagine o impacto de vários aparelhos funcionando ao mesmo tempo, todos os dias.
Além do ar-condicionado, esses são alguns dos equipamentos que mais consomem energia em empresas:
- motores elétricos;
- sistemas de refrigeração e câmaras frias;
- servidores e equipamentos de TI;
- iluminação ineficiente (especialmente se a empresa ainda utiliza lâmpadas fluorescentes ou incandescentes).
Como estimar o consumo de energia antes de comprar um equipamento?
Antes de adquirir qualquer novo equipamento, é importante avaliar seu impacto no consumo de energia da empresa. Muitas vezes, o preço mais baixo na hora da compra não compensa o gasto maior na conta de luz ao longo do tempo.
Equipamentos mais modernos e eficientes podem custar um pouco mais, mas geram economia mês a mês — e essa diferença, no fim do ano, pode ser significativa.
Por isso, sempre verifique a etiqueta do Inmetro: ela traz informações sobre a eficiência energética e o consumo mensal estimado. Além disso, leve em conta a frequência e o tempo de uso. Tenha em mente que um aparelho eficiente, mas usado por 12 horas por dia, pode consumir mais do que outro menos eficiente, mas usado esporadicamente.
Como ler e interpretar a conta de energia da sua empresa?
A fatura de energia traz dados valiosos que ajudam a prever e controlar os custos. Os principais elementos a observar são:
- consumo (kWh): o total consumido no mês;
- tarifa aplicada (R$/kWh): valor cobrado por cada kWh;
- bandeira tarifária: sinaliza acréscimos de custo em meses de escassez;
- demanda contratada: valor reservado de potência para o período;
- encargos e impostos: como ICMS, PIS/COFINS, taxa de iluminação etc.
Outra informação importante é a modalidade tarifária. Empresas do Grupo A, por exemplo, estão sujeitas a tarifas horo-sazonais, que variam conforme o horário e a estação do ano. Nessas situações, consumir no horário de ponta pode ser bem mais caro do que fora de ponta.
Onde encontrar os dados para calcular os gastos?
A própria fatura de energia contém informações suficientes para fazer a estimativa mensal. Além disso, você pode acessar o histórico de consumo diretamente pelo site da distribuidora ou solicitar relatórios mais detalhados, caso tenha um sistema de monitoramento.
Fatores que impactam no custo da energia elétrica
Mesmo que o consumo de energia da empresa se mantenha estável, o valor da conta pode variar bastante de um mês para o outro. Isso acontece porque o custo da energia elétrica não depende apenas da quantidade de kWh consumidos, mas também de uma série de fatores externos e técnicos que interferem diretamente no valor final pago.
Entender esses fatores ajuda a identificar oportunidades de economia, evitar penalidades e até antecipar aumentos na conta.
A seguir, listamos os principais pontos que impactam o custo da energia:
- bandeiras tarifárias: esse sistema indica se o custo de geração está mais alto naquele período. Em bandeiras amarela ou vermelha, a tarifa sobe para compensar o uso de fontes mais caras;
- horário de consumo: o valor da energia pode ser maior no horário de ponta, quando a demanda do sistema é mais alta;
- perfil de contratação: empresas do Grupo A (alta tensão) têm estrutura tarifária diferente das do Grupo B (baixa tensão), com cobranças específicas como demanda contratada;
- correções de fator de potência: empresas com muitos motores ou equipamentos indutivos podem sofrer penalidades se não mantiverem o fator de potência adequado.
Por que é importante saber quanto você gasta com energia?
Entender os custos energéticos da sua empresa vai muito além de apenas “ver quanto veio a conta”. A energia elétrica é um dos insumos mais importantes — e caros — de praticamente todos os setores produtivos, e quando mal administrada, pode corroer silenciosamente a lucratividade do negócio.
O acompanhamento com o gasto de energia permite:
- controlar o orçamento com mais precisão;
- evitar picos inesperados de cobrança;
- reduzir desperdícios operacionais;
- planejar com mais segurança investimentos em eficiência energética, como troca de equipamentos, automação de sistemas ou até a migração para o Mercado Livre de Energia.
A energia, quando bem gerida, deixa de ser apenas uma despesa e passa a ser um ativo estratégico, com impacto direto na margem de lucro.
