Controlar os custos da empresa envolve o acompanhamento de receitas e despesas, mas é muito mais do que isso. Em um cenário de margens apertadas e competitividade, o planejamento orçamentário precisa ser detalhado, estratégico e realista. E isso inclui uma variável que, muitas vezes, passa despercebida: a conta de luz.
Os custos com energia elétrica têm um peso significativo em diferentes setores da economia, especialmente em empresas com processos produtivos intensivos, grandes estruturas e negócios de funcionamento contínuo. E a variação de tarifas, os reajustes constantes e as bandeiras tarifárias tornam esse custo imprevisível se ele não for corretamente estimado. Por isso, incluir a energia no orçamento não é apenas desejável, mas essencial para garantir previsibilidade.
Etapas para elaborar um orçamento considerando a energia
O primeiro passo para elaborar o orçamento é entende que a energia elétrica não é um custo fixo e imutável, mas sim uma despesa que pode ser planejada com base em dados reais. A seguir, listamos as etapas fundamentais para elaborar o seu orçamento empresarial considerando esse fator.
Levantamento histórico do consumo energético
Como o seu orçamento vai ser feito com base em dados reais, é preciso coletá-los. Reúna as informações referentes aos últimos 12 a 24 meses das contas de energia e analise o consumo mensal, a demanda contratada, os valores pagos e os períodos com maior e menor gasto. Isso permite identificar padrões e estabelecer uma base de referência para projeções futuras.
Análise das contas de energia
Além dos dados que já citamos, é importante entender a estrutura das suas contas. Quais tarifas estão sendo cobradas? Há multas por ultrapassagem de demanda? Em que faixa de consumo a empresa se enquadra? Existem cobranças adicionais por horário de ponta?
Estimativa de consumo para o período seguinte
Com base nos dados históricos e em projeções do negócio (como crescimento, novos equipamentos ou mudanças no horário de funcionamento, por exemplo), é possível fazer uma estimativa de consumo para o próximo semestre ou ano. Essa etapa é essencial para que o orçamento reflita a realidade esperada pela empresa.
Projeção de custos com base em tarifas e reajustes
Como o valor da energia não depende somente do consumo, mas também das tarifas aplicadas pelas distribuidoras e das bandeiras tarifárias em vigor, é recomendável considerar os reajustes anuais já previstos e fazer simulações com diferentes cenários.
Inserção da variável energética na planilha geral de custos
Com os valores projetados, inclua os custos com energia nas planilhas de orçamento ao lado de despesas como folha de pagamento, insumos, aluguel e manutenção. Assim, a empresa passa a tratar energia como uma variável estratégica, e não apenas como mais uma fatura a ser paga no fim do mês.
Ferramentas e indicadores para acompanhar o consumo
Incluir a energia no orçamento é só o começo. Para garantir eficiência e controle contínuo, a empresa deve utilizar ferramentas de monitoramento e acompanhar os seus principais indicadores de desempenho energético.
Essas são algumas ferramentas que podem ser utilizadas para isso:
- medidores inteligentes: permitem acompanhar o consumo em tempo real, detectar picos fora do padrão e avaliar o desempenho de equipamentos;
- sistemas de gestão de energia (SGE): são softwares que centralizam dados, ajudam a identificar gargalos e sugerem melhorias com eficiência;
- indicadores como kWh/m³ ou kWh/unidade produzida: ajudam a comparar insumos entre unidades, departamentos ou turnos e a monitorar a evolução ao longo o tempo.
Estratégias para reduzir custos com energia
Depois de conhecer o próprio consumo, o passo seguinte é agir para otimizar. E os projetos de eficiência energética são uma das estratégias mais acessíveis e de alto impacto quando o assunto é redução de custos.
Ações simples, como substituição de equipamentos obsoletos por modelos mais eficientes, implementação de automação para controle de iluminação e climatização e adoção de práticas de manutenção preventiva podem gerar economias consistentes.
Outra possibilidade, com potencial de redução ainda maior, é a migração para o Mercado Livre de Energia. Ao deixar de comprar energia da distribuidora local e negociar diretamente com fornecedores, empresas podem conseguir preços mais atrativos, previsibilidade de custos e acesso à energia limpa.
A migração, no entanto, ainda não é possível para todos. Hoje em dia, empresas conectadas à rede em média e alta tensão já conseguem estar no Ambiente de Contratação Livre (ACL). As outras ainda precisam esperar que novas regulamentações sejam aprovadas.
O papel da gestão de energia no planejamento estratégico
Além de diminuir gastos, a gestão da energia se conecta com o planejamento estratégico da empresa. Isso porque ela impacta não apenas o caixa, mas também a imagem da organização, o cumprimento de metas ESG e a sua competitividade no médio e longo prazo.
Empresas que priorizam a eficiência energética e adotam soluções como o Mercado Livre de Energia, por exemplo, ganham em previsibilidade orçamentária, reduzem riscos e estão mais preparadas para lidar com oscilações de preço ou crises no setor elétrico.
Além disso, investir em energia renovável ou autoprodução pode ser uma estratégia alinhada aos objetivos de sustentabilidade e inovação do negócio.