Como a gente bem sabe, situações como falta de chuva, escassez de água e outras condições climáticas afetam diretamente o consumo e geração de energia. É o que aconteceu, por exemplo, com a onda de calor que atingiu boa parte do Brasil em setembro de 2023: já na segunda semana do mês, a carga do SIN (sistema interligado nacional) bateu cerca de 73,5 megawatts médios, o que já era um recorde.
E não para por aí. Você sabia que outras situações improváveis também afetam o consumo e a geração de energia? É o caso do eclipse solar que aconteceu na segunda semana de outubro, da Copa do Mundo e até mesmo do último capítulo da novela Avenida Brasil, grande sucesso de audiência da TV Globo.
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Eclipse solar e geração de energia: qual é a relação?
Um eclipse solar pôde ser observado em todo Brasil no dia 14 de outubro de 2023, durante o período da tarde. O último eclipse anular do Sol aconteceu em junho de 2021, mas não foi visível para as terras brasileiras, e o próximo ocorrerá em outubro de 2024, mas poderá somente ser visto no extremo sul da América do Sul e nas regiões do oceano Pacífico.
O fenômeno, que teve início na Costa Oeste dos Estados Unidos, acontece quando a lua se posiciona entre o Sol e a Terra. Para se ter uma ideia, mais de 70% do sol ficou obscurecido em 16 estados da região Norte e no Nordeste. Além de encantar multidões e render muitos registros para as redes sociais, o eclipse também afetou, mesmo que por alguns instantes, a produção de energia solar.
Em post feito no Linkedin, a engenheira Fernanda Bach Gasparin reforçou que o eclipse aconteceu em um horário em que há uma significativa geração da modalidade de energia solar. Quando o fenômeno passou na Alemanha em 2015, impactou em uma redução de 17% na produção, conforme dados da TenneT.
Isso acontece porque as placas solares produzem eletricidade a partir dos raios solares. Portanto, uma menor exposição ao sol ocasiona também uma redução na eficiência energética. À medida que o “olho” do eclipse passa sobre uma área, a irradiância total do céu claro cai para 9,5% dos níveis normais. A duração total do efeito do eclipse terá seu pico de apenas três minutos. Porém, quando analisado em tantos estados, um impacto é esperado.
Logo, conforme indica o gráfico abaixo, no horário das 16 hrs, tivemos uma queda de 46% na produção de energia solar se comparado aos dias anteriores:
Copa do Mundo: O hexa não veio, mas os impactos no consumo de energia, sim
O hexa não veio, mas a Copa do Mundo do Qatar em 2022 nos trouxe importantes reflexões sobre como pequenas atividades, como se levantar do sofá para preparar pipoca, quando realizada por muitas pessoas ao mesmo tempo, podem impactar diretamente no consumo de energia elétrica.
Acontece que o comércio e a rotina de trabalho são alterados durante a Copa do Mundo no País do Futebol. Apesar das casas, bares e restaurantes ficarem lotados durante os jogos da Seleção Brasileira, muitas atividades laborais, como os setores industriais e comerciais, são interrompidas, o que impacta diretamente no Sistema Integrado Nacional.
Um boletim divulgado pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) mostrou que, durante a partida Brasil x Camarões, em 2 de dezembro de 2022, aconteceu uma queda de 7% no consumo de energia se comparado ao habitual.
Já durante o intervalo, ocorreu um aumento de 2% da carga. A movimentação das pessoas e preparação para o segundo tempo: como o uso de pipoqueiras, fritadeiras, motores de geladeiras e freezers ajuda a explicar essa rápida elevação.
O embate final: Carminha x Nina e o consumo no último capítulo de Avenida Brasil
A novela Avenida Brasil entrou para a história não somente pelo enredo que a transformou em um dos maiores sucessos de audiência da TV Brasileira, mas também pelos impactos que gerou no consumo de energia. Em outubro de 2012, o Operador Nacional do Sistema (ONS) preparou um esquema especial para suprir a demanda de energia para o último capítulo da trama, que foi ao ar no dia 22.
Isso aconteceu por causa do efeito de “rampa de carga”, porque as pessoas adiaram as atividades, como tomar banho ou abrir a geladeira, nos minutos após o final do folhetim.
“O rápido crescimento do consumo de energia em um curto período de tempo causa sensibilidade ao sistema de transmissão. A geração tem de ser aumentada rapidamente e por isso já trabalhamos com folga nas unidades geradoras, para que haja o aumento no fluxo das linhas”, declarou o órgão na época.
Somente no mês de julho, a novela já havia atingido a carga de 4,4 mil megawatts, o mesmo que se a cidade inteira tivesse acendido as luzes de uma só vez.
Carnaval fora de época: maior festa de rua surpreende no consumo de energia
O Carnaval é, historicamente, uma época em que se registra uma redução no consumo de energia elétrica. Isso acontece porque, assim como durante os jogos da seleção brasileira, o funcionamento das indústrias e do comércio é interrompido.
Porém, após 2 anos sem carnaval por causa da pandemia de Covid-19, os estados de Rio de Janeiro e São Paulo realizaram um carnaval fora de época em abril de 2022 que teve como resultado uma elevação expressiva no consumo de energia. De acordo com dados do Boletim InfoMercado Quinzenal divulgado pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica, São Paulo teve alta de 4% e, Rio de Janeiro, de 5% durante abril de 2022.
Os setores de hotéis e similares aumentaram em 30% a sua demanda energética no RJ e em 64% no estado paulistano. No ramo de serviços, houve um crescimento de 26% na região fluminense e 40% entre os paulistas. Para suprir a demanda de bebidas da festa, houve um crescimento de 12% no ramo nos dois estados.
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